terça-feira, 24 de setembro de 2013

Poesia


«OUTONO» - 3ª. E 4ª. PARTES
Terceira e última parte da elegia concluída por MTH no recente equinócio de Outono.

OUTONO

- 3 -

Duvido sempre do outono
sigo as suas pistas macilentas
esvaídas e translúcidas

seus incertos vestígios

Enquanto, uma por uma
as estações equívocas decepam
as flores mártires e fatídicas

as rosas tamisadas das lágrimas

E em seguida os lagos vão
surgindo, de súbito nimbados
por um escasso halo azul-violeta

beladona brotando das ruínas

Venenos a provocarem o transe
a que a realidade obriga e leva
até ao coração das penumbras ínvias

crendo ser o véu translúcido

No esvaimento da alba
ou no encobrir o rosto
esquálido das noviças

Escassas claridades lívidas

Nas submersas, adversas
e secretas cavernas mais íntimas
onde habitam as deidades invisíveis

Oh os amores malditos!

O meu amante busca-me
e julga perder-me, na brancura
da neve intocada e austera


- 4 -

Questiono sempre o outono
seguindo-lhe as águas
propiciatórias às suas interioridades

de luz refractária

Errantes, as águias pairam
no cimo, planando cismadas
voando a quebradura e o equívoco

desapiedadas

Enquanto o meu amante
descrente da paixão
me vai deixando para trás

E exausto me abandona
desprendido e inclemente

Maria Teresa Horta, 22 Setembro 2013

NOTA: A elegia «Outono», embora estruturada em quatro partes e objecto de três posts nesta Página Oficial, é um poema único.
 
                                                             foto de MTH-Página Oficial
 
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