sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Verklärte Nacht


          “Noite transfigurada”, obra  de Schoenberg de  1899  além de sexteto de cordas, é
 também um poema sinfónico que segue fielmente o texto homônimo de Richard Dehmel
            O poema de Dehmel conta o momento de aflição em que um novo casal durante um passeio noturno pelo bosque, a mulher conta ao seu namorado que está grávida de outro homem. Mais ainda: essa gravidez é fruto de uma relação casual com um  desconhecido.  O homem aceita a situação e diz que a noite mágica, " a noite transfigurada" que vivem, irá fazer da criança seu próprio filho.
               Schoenberg estruturou o seu sexteto num fluxo contínuo de música, mas como a partitura acompanha verso por verso o poema de Dehmel, é fácil distinguir cinco divisões na obra: dos primeiros passos do casal no bosque, passando pelo momento da revelação e chegando ao perdão trazido pela noite “transfigurada”.

 Poema de Richard Dehmel
Duas pessoas caminham por um bosque calvo e frio
A lua os acompanha, e eles a inspecionam
A lua corre sobre os altos carvalhos
Nenhuma nuvezinha turva a luz celeste
à qual se estendem os galhos negros

Fala a voz de uma mulher:

"Carrego eu uma criança, e não é tua
Ando ao teu lado em pecado
Cometi contra mim algo grave
Não acreditava mais na felicidade
e desejava ardentemente
um conteúdo de vida, a felicidade materna
e seus deveres. Por insolência
Deixei possuir, tremendo, meu sexo
por um homem estranho
e ainda me abençoei por isso
E agora a vida se vingou
E agora  encontrei-te, a ti..."

Ela deambula com passos desorientados
Ela olha para cima, a lua acompanha
Seu olhar sombrio se afoga na luz.

A voz de um homem fala:

"A criança que concebeste,
que ela não seja um peso na tua alma,
vê, como o universo cintila tão claro!
Um brilho circunda tudo
Flutuas comigo  num mar gelado
Mas um calor próprio flui de ti para mim, e de mim para ti.

Ele transfigurará a criança alheia,
e tu a parirás para mim e de mim.
Trouxeste-me o brilho
Fizeste-me criança".

Ela o agarra pelos quadris fortes
Seus hálitos se beijam no ar.
Duas pessoas andam pela noite alta e clara





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quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

29 de Dezembro, sexta feira




         Há 56 anos, tal como hoje,  o dia 29 de Dezembro  era sexta feira!
E também chovia!
Sendo a sexta feira um dia de azar e a chuva um prenúncio de felicidade, lá fomos misturando as duas coisas nas nossas vidas, de modo a atingir o equilíbrio de viver em saldo positivo.
Já todos perceberam que foi o dia do nosso casamento.
Mas a propósito disso há um episódio interessante!
Quando um dia precisamos de uma certidão de casamento, verificamos que a data registada era 30 e não 29; porque o funcionário, pessoa conhecida, teve receio que se registasse sexta feira, pudesse dar azar à menina. 
A menina era eu!...

29, Dezembro, 2017

C C


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terça-feira, 26 de dezembro de 2017

No Natal de 2017



Ao colo da minha prima Helena que este Natal, mesmo na horinha da consoada ,resolveu deixar-nos!
Para sua memória   
                                                  



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sexta-feira, 15 de dezembro de 2017




A propósito da "Dama com Arminho"
 
 Obra de Leonardo Da Vinci. 1492-Renasimento
 Óleo sobre madeira  54cm x 40cm   Museu Czartoryski, Cracóvia, Polônia 


                 O retrato foi pintado quando Cecilia Gallerani, a modelo da obra, era  amante de Ludovico Sforza, duque de Milão, e nessa época Leonardo estava ao serviço do Duque. Cecilia Gallerani teria 17 anos quando foi pintada;  não era rica nem nobre  mas  era famosa pela sua beleza e cultura; pintava  e era amante de poesia!
                O "arminho" tem merecido várias interpretações. A de pureza, pois 
  o animal prefere deixar-se capturar por caçadores, a refugiar-se  num covil sujo, para não manchar a sua pureza. Mas também Gallerani deu à luz um filho reconhecido por Lodovico  e na cultura do Renascimento italiano, havia uma associação entre doninhas e gravidez sendo possível que o animal seja um símbolo da gravidez de Cecilia e não da pureza. Por outro lado, Ludovico  tinha recebido a Ordem do Arminho em 1488 e  usava-a como um emblema pessoal.
              O que é certo é que, estudos recentes, revelam que inicialmente a pintura não apresentava o arminho.  Foi pintado posteriormente com um arranjo das roupas e outra colocação da mão;  noutra intervenção,  o arminho foi alterado e pintado de cor branca.
Leonardo dificilmente dava as obras por acabadas

 
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              A pintura foi adquirida na Itália pelo príncipe Adam Jerzy Czartoryski para oferecer a sua mãe, a Princesa Czartoryska .  No entanto, antes da invasão do exército russo em 1830, a Princesa escondeu-o, e em seguida  enviou-o para Dresden e daí para o lugar de exílio dos Czartoryski em Paris, o Hôtel Lambert. Foi devolvido a Cracóvia em 1882. Em 1939, após a ocupação alemã da Polônia,  foi apreendido pelas nazis e enviado para o Museu Kaiser Friedrich em Berlim. Em 1940, o nazi Hans Frank, governador-geral da Polónia, solicitou a sua devolução para  Cracóvia, para decorar o seu escritório.
Eram brutos, mas tinham bom gosto!
No final da Segunda Guerra Mundial, foi descoberto por tropas aliadas na casa de campo de Frank na Baviera. Então foi devolvido à Polônia, para o Museu Czartoryski em Cracóvia, onde pode ser visto  depois de um período de restauro.


!5 de Dezembro, 2017

CC



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