terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Domenico Ghirlandaio


A Visitação




Domenico Ghirlandaio
 pintor renascentista italiano contemporâneo de Botticelli e Filippino Lippi. Formou toda uma geração de excelentes artistas. Michelangelo foi um dos seus aprendizes.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

6 de Janeiro



Hospital da Lapa-Porto


A 5 de Janeiro de 1966, com residência no Porto, aguardava o nascimento do 3º filho. Talvez dali a uns 20 dias!...
 Resolvi, nesse dia, abrir a mala das roupas de bébé para lavar tudo e assim, preparar a mala com antecedência!
Quando terminei, dei-me conta de que o trabalho de parto se tinha iniciado. Fiquei em pânico! Com a roupa do bébé  toda molhada, não tinha que lhe vestir. Mas nada disse.
Morava na R. Gonçalo Cristóvão; desci à Alcofa em Sá da Bandeira, de fronte aos Cunhas, e com uma aparente calma fui pedindo tudo o que precisava para os dois primeiros dias.
A senhora que me servia estava perplexa! Eu não queria escolher nada; só mandava colocar no saco!
Subi a rua, não sei bem como, e em  casa telefonei à Teresa Guerra : é para agora.
Não se acreditou; mas que fosse para o consultório que iria lá ter.
Ao observar-me, foi peremptória: depressinha para a Lapa.
Mas  a Sofia, fez questão de nascer aos 20 minutos  do dia 6 e não no dia 5; que esse já era  da Paula!

6 de Janeiro de 2018

C C

(foto da Net)

.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

5 de Janeiro



Era  Janeiro de 1964, no Dundo, capital da  Lunda Norte e sede da Companhia dos Diamantes, a Diamang.
Ter-se-ia de  escolher o local onde pudesse nascer, em segurança, o nosso segundo filho. Eu residia em Saurimo, capital da Lunda Sul e em plena guerra colonial; razão da nossa permanência em Angola. Não houve qualquer hesitação na escolha. Era o lugar mais seguro, o hospital mais bem equipado em toda a Angola: o Hospital Distrital do Dundo.


Hospital Distrital do Dundo

 É a mesma fachada, tendo a mais os aparelhos de ar condicionado. Nesse tempo refrescávamo-nos com enormes ventoinhas no tecto.

 A cidade era sinistra. Havia apenas vivendas e ruas desertas. Não circulava dinheiro. Os bens eram adquiridos  pelos funcionários da Diamang num edifício para esse fim.
O director do hospital,  pessoa delicada, pôs à minha disposição a biblioteca do hospital, enquanto aguardava o parto, mas nada me interessou. Foram uns dias tenebrosos!
Mas no fim de semana fui presenteada com a visita dos meus Jorges: o pai e o filho de 14 meses; e no domingo, às 10h, com o apoio de uma enfermeira-parteira  excepcional, cheia de classe e experiência, nasceu a Paula!
No dia seguinte lá voltaram os dois para Saurimo.
O drama chegou com um telegrama a anunciar a deslocação intempestiva do Jorge para as "Terras do fim do mundo" (Gago Coutinho). E o Jorginho ficaria entregue a uma família amiga! O desassossego apoderou-se de mim e perante a recusa da alta, pedi a uma enfermeira de cor, a única que me compreendeu, para me comprar o bilhete de avião e  arranjar um táxi que me levasse ao aeroporto. Assinei o termo de responsabilidade, e lá fui eu de alcofa, bébé e mala  para Saurimo! A bordo, atraí a simpatia do comandante que me veio cumprimentar e dar os conselhos que achou necessários para me defender e à bébé, dos saltos que o avião iria dar àquela hora e naquela região.
Um ataque terrorista dar-se-ia uns meses depois,  em Saurimo; mas antes, escapei para Luanda  onde estive no hotel Globo até ao embarque para Lisboa.

5, Janeiro 2018
C C

(foto da Net)
.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Deambulações Oblíquas




É porque nos decepcionamos
que procuramos a perfeição
O símbolo é o arco que abarca a totalidade
e por ele nós podemos alcançar
o que está do outro lado dela
A transcendência do que não vemos
a outra face do todo
é uma perspectiva simbólica
inerente à imediata presença
da face que estamos vendo
Assim o que vemos e o que não vemos
no objecto que estamos olhando
é a coisa em si que o animal não apreende
Não somos nunca o que está diante e separado
o que representa e o representado
em separada oposição
de ideia e objecto
de consciência e corpo
O que em nós está separado
em espírito e em corpo
está ao mesmo tempo unido
numa tensão oblíqua
que nos insere no mundo
E como seres simbólicos
e como seres-no-mundo
somos o que já somos
somos o que ainda não somos

António Ramos Rosa, in " Deambulações Oblíquas",
.