Schoenberg,o "inventor" do dodecafonismo, além de ser o maior músico do sec XX, também se dedicou à pintura e integrou o grupo alemão "Cavaleiro Azul" pensado e criado por Kandinsky.
Mas Schoenberg, como é habitual nas pessoas geniais, tinha manias. Tinha medo e terror ao número treze. E por coincidência ou "força oculta", nasceu no dia 13 de Setembro e vivia obcecado com a ideia de que iria morrer quando tivesse 76 anos (7+6=13) quando deu conta que, nesse ano, o dia 13 de Julho era numa Sexta feira. Conta-se que, chegado a esse dia, permaneceu deitado o dia todo. E quando a mulher alguns minutos antes da meia-noite entrou no quarto para, por brincadeira, festejar o fracasso da premunição, ele fitou-a, pronunciou "Harmonia" e então morreu!
A hora da sua morte foi 23:47, 13 minutos antes da meia-noite, numa sexta-feira 13, no seu septuagésimo sexto ano de vida (7+6=13) e com data de nascimento a 13 de Setembro!!!!!!
“Noite
transfigurada”, obra de Schoenberg de 1899 além de sexteto de cordas, é
também um poema sinfónico que segue fielmente o texto homônimo de Richard Dehmel
O poema de Dehmel conta o momento de aflição em que um novo casal durante um
passeio noturno pelo bosque, a mulher conta ao seu
namorado que está grávida de outro homem. Mais ainda: essa gravidez é
fruto de uma relação casual com um desconhecido. O homem aceita a situação e diz que a noite mágica, " a noite transfigurada" que
vivem, irá fazer da criança seu próprio filho.
Schoenberg estruturou o seu sexteto num fluxo contínuo de música, mas como a partitura
acompanha verso por verso o poema de Dehmel, é fácil distinguir cinco
divisões na obra: dos primeiros passos do casal no bosque, passando pelo
momento da revelação e chegando ao perdão trazido pela noite
“transfigurada”.
Poema de Richard Dehmel
Duas pessoas caminham por um bosque calvo e frio
A lua os acompanha, e eles a inspecionam
A lua corre sobre os altos carvalhos
Nenhuma nuvezinha turva a luz celeste
à qual se estendem os galhos negros
Fala a voz de uma mulher:
"Carrego eu uma criança, e não é tua
Ando ao teu lado em pecado
Cometi contra mim algo grave
Não acreditava mais na felicidade
e desejava ardentemente
um conteúdo de vida, a felicidade materna
e seus deveres. Por insolência
Deixei possuir, tremendo, meu sexo
por um homem estranho
e ainda me abençoei por isso
E agora a vida se vingou
E agora encontrei-te, a ti..."
Ela deambula com passos desorientados
Ela olha para cima, a lua acompanha
Seu olhar sombrio se afoga na luz.
A voz de um homem fala:
"A criança que concebeste,
que ela não seja um peso na tua alma,
vê, como o universo cintila tão claro!
Um brilho circunda tudo
Flutuas comigo num mar gelado
Mas um calor próprio flui de ti para mim, e de mim para ti.
Ele transfigurará a criança alheia,
e tu a parirás para mim e de mim.
Trouxeste-me o brilho
Fizeste-me criança".
Ela o agarra pelos quadris fortes
Seus hálitos se beijam no ar.
Duas pessoas andam pela noite alta e clara
.
quarta-feira, 22 de março de 2017
Mussorgsky Pictures at an Exhibition Mikhail Pletnev
Viktor Hartmann, arquiteto e pintor, grande amigo de Mussorgsky,
faleceu cedo, aos 39 anos de idade (1873) . Em março de 1874, fizeram
uma exposição dos seus quadros numa galeria de São Petersburgo. Depois
de a visitar, Mussorgsky escolheu dez dos quadros expostos e compôs uma
música para cada um deles, numa homenagem ao amigo. . Uniu através de
um tema comum (“Promenade”) as várias partes da peça. Em suma,
Quadros de uma Exposição descreve através da música, um passeio por
uma exposição de quadros, tendo os temas como guia. estou a ouvir.....
Esta noite a Casa da Música presenteou-nos com uma boa programação; as verdades são para se dizerem. Ouviu-se o ENSEMBLE INTERCONTEMPORAIN sem Boulez, mas com George Benjamin que o dirigiu maravilhosamente e não me parece que tenhamos sido prejudicados por isso. O Ensemble Intercontemporain dedica-se à música escrita desde o sec. XX até aos nossos dias, e apresentou-se com muito rigor e competência. Fundado por Pièrre Boulez, teve e continua a ter apoio do Ministério da Cultura e da Comunicação. Agrupamento em residência na Cité de laMusique, conta também com o apoio da cidade de Paris. A programação desta noite, teve obras de Franco Donatoni Tema (1982) Johannes Boris Borowski Second [2008] Pierre Boulez Eclat/Multiples [1964‐1970] Arnold Schonberg Suite op.29 Foi um belíssimo concerto, e há ainda a referir o comportamento da plateia; sem ruídos, reconhecida nos aplausos, em suma, uma plateia que sabia ao que ia.
Sokolov esteve esta tarde mais uma vez na Gulbenkian. Do seu programa constava de Johann Sebastian Bach, Concerto Italiano, BWV 971; Abertura Francesa, BWV 831- Johannes Brahms, Variações sobre um tema de Händel, op. 24, Três Intermezzi, op. 117 Magistral como sempre na execução, mas, e com toda a humildade o digo, nem sempre é a que mais me emociona. É claro que , isso nada tem a ver com o reconhecimento da sua genialidade e sensação de perfeição inexcedível. Curiosamente os Encores de Sokolov são sempre para mim, o melhor do recital. Deixo o Andante do Concerto Italiano que foi do programa, o que mais gostei de ouvir.