Mostrar mensagens com a etiqueta Miguel Torga. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Miguel Torga. Mostrar todas as mensagens

sábado, 17 de janeiro de 2015

Miguel Torga



 

Faz hoje 20 anos que morreu  Miguel Torga



Para a Manhã


Rosa acordada, que sonhaste?
Nas pálpebras molhadas vê-se ainda
Que choraste...
Foi algum pesadelo?
Algum presságio triste?
Ou disse-te algum Deus que não existe
Eternidade?
Acordaste e és bela:
Vive!
O sol enxugará esse teu pranto
Passado.
Nega o presságio com perfume e encanto!
Faz o dia perfeito e acabado!


Miguel Torga

Foto na margem do Mondego em Coimbra


:

domingo, 22 de julho de 2012

Poesia


 Edvard Munch

 
Dies irae


Apetece cantar, mas ninguém canta.
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fantasma levanta
A mão do medo sobre a nossa hora.

Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
Todo o futuro a este dia de hoje.

Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
Os motins onde a alma se arrebata.

Oh! maldição do tempo em que vivemos,
Sepultura de grades cinzeladas,
Que deixam ver a vida que não temos
E as angústias paradas!


Miguel Torga


quarta-feira, 31 de março de 2010

Páscoa feliz



ALELUIA

Não foi milagre ressurgir, Senhor,

Num dia natural de primavera.

Tudo ressurge quando tem calor.

É por calor que toda a morte espera.

Milagre era acordar no inverno, era

Subir da cova frio como a dor,

E, com neve nas dobras da quimera,

Mostrar a Madalena a carne em flor.

Contra a seiva da vida e a sua lei

É que valia a pena demonstrar...

Viver dentro da morte é que era um salto!

Assim, vejo-te apenas como sei:

Um corpo que parou de levedar,

E veio à tona ver o céu mais alto.

.

Miguel Torga