quarta-feira, 30 de março de 2011

A ponte de Chatou

Renoir "A ponte de Chatou" (1875)

Isto aconteceu em Janeiro passado, enquanto visitava a exposição no Museu do Prado, "Paixão por Renoir". As obras que se expunham, fazem parte da Colecção Sterling and Francine Clark Art Institute e era a primeira vez que saiam da América, e a primeira vez que Renoir vinha ao Prado .
Com curiosidade, fui ver a exposição; de resto vou com alguma frequência às exposições do triângulo museológico de Madrid: Prado, Bornemisa e Rainha Sofia.
E então, era assim:
Junto de mim, seguia uma jovem mãe acompanhada da filha que aparentava ter 5 anos. Desde logo me chamou a atenção, a forma como a mãe procurava explicar à filha o sentido das obras, usando gestos e expressões muito interessantes. Chegadas em frente da ponte de Chatou, diz a criança:
- Que puente es maman?
- El puente de Chatou.
- Como se diz, en espagnol?
- Chatou
- Chatou? E d'onde és?
- Mui cierca de Paris. Paris és la capital de la Francia.
- Ah!...
Poder-se-á achar vulgar; eu não achei.

.

domingo, 27 de março de 2011

Música sempre

Béla Viktor János Bartók, conhecido como Béla Bartók, nasceu na Hungria a 25 de março de 1881


POESIA



CHOVE!


Chove...

Mas isso que importa!,
se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
uma melodia de silêncio
que ninguém mais ouve
senão eu?

Chove...

Mas é do destino
de quem ama
ouvir um violino
até na lama.

José Gomes Ferreira

sexta-feira, 25 de março de 2011

POESIA

Coimbra

Ó Portugal, se fosses só três sílabas,

linda vista para o mar,

Minho verde, Algarve de cal,

jerico rapando o espinhaço da terra,

surdo e miudinho,

moinho a braços com um vento

testarudo, mas embolado e, afinal, amigo,

se fosses só o sal, o sol, o sul,

o ladino pardal,

o manso boi coloqial, a rechinante sardinha,

a desancada varina,

o plumitivo ladrilhado de lindos adjectivos,

a muda queixa amendoada

duns olhos pestanítidos,

se fosses só a cegarrega do estio, dos estilos,

o ferrugento cão asmático das praias,

o grilo engaiolado, a grila no lábio,

o calendário na parede, o emblema na lapela,

ó Portugal, se fosses só três sílabas

de plástico, que era mais barato!

*

Doceiras de Amarante, barristas de Barcelos,

rendeiras de Viana, toureiros da Golegã,

não há "papo-de-anjo" que seja o meu derriço,

galo que cante a cores na minha prateleira,

alvura arrendada para o meu devaneio,

bandarilha que possa enfeitar-me o cachaço.

Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo,

golpe até ao osso, fome sem entretém,

perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes,

rocim engraxado, feira cabisbaixa,

meu remorso,

meu remorso de todos nós...

Alexandre O'Neil,

in "Feira Cabisbaixa", 1965

quarta-feira, 23 de março de 2011

Elizabeth Taylor

Homenagem à beleza e ao talento

terça-feira, 1 de março de 2011

Le Poème Électronique

Le Poème Électronique. Le Corbusier. 1958.

Clarificando melhor o poste anterior, e sem pretender com isto encetar discussão sobre um tema, de resto muito interessante, o peso ou influencia da matemática/arquitectura na música electrónica, vou apenas dizer que, para a Feira Mundial de Bruxelas de 1958 foi construído o Pavilhão Philips projectado pelo arquitecto e músico Xenakis, e o arquitecto Le Corbusier.
As músicas de Xenakis (Concret PH) e de Varèse (Poème Electronique) foram concebidas para pôr em destaque a dimensão espacial do som quando executadas dentro desse pavilhão.
A escultura de Le Corbusier é uma obra inspirada na estrutura da composição de Varèse, e que penso nada ter a ver com o pavilhão propriamente dito.