sexta-feira, 2 de outubro de 2009

de vez em quando é preciso gritar


GRITO
de Munch


UIVO de Ginsberg

para Carl Solomon
-fragmento-

“ Eu vi os expoentes de minha geração destruídos pela loucura,
morrendo de fome, histéricos, nus,
arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em busca
de uma dose violenta de qualquer coisa,
"hipsters" com cabeça de anjo ansiando pelo antigo contacto
celestial com o dínamo estrelado da maquinaria da noite,
que pobres, esfarrapados e olheiras fundas, viajaram fumando


sentados na sobrenatural escuridão dos miseráveis apartamentos

sem água quente, flutuando sobre os tectos das cidades contemplando jazz,
que desnudaram seus cérebros ao céu sob o Elevado e viram
anjos maometanos cambaleando iluminados nos telhados

das casas de cômodos,
que passaram por universidades com os olhos frios e radiantes
alucinando Arkansas e tragédias à luz de William Blake entre os estudiosos da guerra,

que foram expulsos das universidades por serem loucos e publicarem

odes obscenas nas janelas do crânio,
que se refugiaram em quartos de paredes de pintura descasca-
da em roupa de baixo queimando seu dinheiro em cestas de papel, escutando o Terror através da parede,
que foram detidos em suas barbas públicas voltando por Laredo

com um cinturão de marijuana para Nova York,
que comeram fogo em hotéis mal-pintados ou beberam tereben-
tina em Paradise Alley, morreram ou flagelaram [ ... ] ”.

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