terça-feira, 11 de junho de 2013

Poesia

 
                                                           'Noite Estrelada', de Van Gogh.
ESCREVER

Com uma mão
dou-te tudo
com a outra descubro o nada

Uns dias sou
de veludo
outros de raiva vidrada

Entre a escrita onde me digo
e na escrita
onde me iludo

Há a escrita onde me escondo
e a outra
de meu abrigo

Tendo a razão como escudo
na porfia do disfarce
eu escrevo a ventania

Pelo meio da tempestade


Maria Teresa Horta, in «As Palavras do Corpo» (Dom Quixote /Leya, 2012).
 
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