quarta-feira, 30 de março de 2011
A ponte de Chatou
Isto aconteceu em Janeiro passado, enquanto visitava a exposição no Museu do Prado, "Paixão por Renoir". As obras que se expunham, fazem parte da Colecção Sterling and Francine Clark Art Institute e era a primeira vez que saiam da América, e a primeira vez que Renoir vinha ao Prado .
Com curiosidade, fui ver a exposição; de resto vou com alguma frequência às exposições do triângulo museológico de Madrid: Prado, Bornemisa e Rainha Sofia.
E então, era assim:
Junto de mim, seguia uma jovem mãe acompanhada da filha que aparentava ter 5 anos. Desde logo me chamou a atenção, a forma como a mãe procurava explicar à filha o sentido das obras, usando gestos e expressões muito interessantes. Chegadas em frente da ponte de Chatou, diz a criança:
- Que puente es maman?
- El puente de Chatou.
- Como se diz, en espagnol?
- Chatou
- Chatou? E d'onde és?
- Mui cierca de Paris. Paris és la capital de la Francia.
- Ah!...
Poder-se-á achar vulgar; eu não achei.
.
domingo, 27 de março de 2011
Música sempre
Béla Viktor János Bartók, conhecido como Béla Bartók, nasceu na Hungria a 25 de março de 1881
POESIA
sexta-feira, 25 de março de 2011
POESIA
Ó Portugal, se fosses só três sílabas,
linda vista para o mar,
Minho verde, Algarve de cal,
jerico rapando o espinhaço da terra,
surdo e miudinho,
moinho a braços com um vento
testarudo, mas embolado e, afinal, amigo,
se fosses só o sal, o sol, o sul,
o ladino pardal,
o manso boi coloqial, a rechinante sardinha,
a desancada varina,
o plumitivo ladrilhado de lindos adjectivos,
a muda queixa amendoada
duns olhos pestanítidos,
se fosses só a cegarrega do estio, dos estilos,
o ferrugento cão asmático das praias,
o grilo engaiolado, a grila no lábio,
o calendário na parede, o emblema na lapela,
ó Portugal, se fosses só três sílabas
de plástico, que era mais barato!
*
Doceiras de Amarante, barristas de Barcelos,
rendeiras de Viana, toureiros da Golegã,
não há "papo-de-anjo" que seja o meu derriço,
galo que cante a cores na minha prateleira,
alvura arrendada para o meu devaneio,
bandarilha que possa enfeitar-me o cachaço.
Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo,
golpe até ao osso, fome sem entretém,
perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes,
rocim engraxado, feira cabisbaixa,
meu remorso,
meu remorso de todos nós...
Alexandre O'Neil,
in "Feira Cabisbaixa", 1965
quarta-feira, 23 de março de 2011
terça-feira, 1 de março de 2011
Le Poème Électronique
As músicas de Xenakis (Concret PH) e de Varèse (Poème Electronique) foram concebidas para pôr em destaque a dimensão espacial do som quando executadas dentro desse pavilhão.
A escultura de Le Corbusier é uma obra inspirada na estrutura da composição de Varèse, e que penso nada ter a ver com o pavilhão propriamente dito.