![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhe_kiVMMI6QIFiYJatUGM4jWZDgmgcpZdV1O8jeH0_boPD1DLlhIwiZCLngYt_4V283vzJf9MUa6jMIEImNZlkSmX4KMKLaNHldVnisufbLvztliDHTHplHAij9JPu4jzPFaY3QEE/s400/autorid21210.jpg)
Desbaratamos deuses, procurando
Um que nos satisfaça ou justifique.
Desbaratamos esperança, imaginando
Uma causa maior que nos explique.
Pensando nos secamos e perdemos
Esta força selvagem e secreta,
Esta semente agreste que trazemos
E gera heróis e homens e poetas.
Pois deuses somos nós. Deuses do fogo
Malhando-nos a carne, até que em brasa
Nossos sexos furiosos se confundam,
Nossos corpos pensantes se entrelacem
E sangue, raiva, desespero ou asa,
Os filhos que tivermos forem nossos.
Ary dos Santos, in 'Liturgia do Sangue'