UMA OBRA PRIMA DA CONFUSÃO ENTRE DOIS REINOS
Um dia estive a ponto de dizer que te amo.
Quase recorto uma advertência apressada
na qual confessara meu amor impossível.
Transcrevi para inúmeras páginas soltas
que as dissonâncias são um estímulo,
uma vida dedicada às discrepâncias,
como saudável mecanismo de insubmissão.
Somos a denúncia de um mundo irreconciliável.
A refeição atormentada de muitos deuses
que se perderam entre símbolos inertes.
Quando começo a falar assim as tuas mais
secretas sociedades se reúnem para a pugna
de meus erros e outras memórias propagadas.
Sei que já não posso lembrar que te amei um dia.
Um de nós registrou em opúsculo a indisciplina
de nossas razões comuns, o ideal clássico.
As improváveis consequências do amor.
[Poema de Floriano Martins ₢ 2016 ARC Edições]
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