sábado, 24 de setembro de 2016

A feira das Fontaínhas



Fuga da escola, sem conhecimento da minha Mãe, com duas companheiras da 4ª classe à feira das Fontaínhas, a 2km, na aldeia de Balazar. Comíamos cerejas quando uma pessoa conhecida nos viu e registou nesta fotografia.
Vê-se a zona dos chapéus de palha expostos no chão e também a forma como as minhas amigas se vestiam. Como mulheres adultas e descalças!
Uma recordação!
 

 Ainda a propósito da feira das Fontaínhas 

                  Na feira, como era habitual, transacionavam-se os produtos agrícolas da região  e  além disso, desde  socos, passando por um talho e uma ourivesaria, havia de tudo por lá. 
A Ana, empregada da casa dos meus Pais que entrou quando eu tinha 3 anos e que não saiu,  danava-se por ser negociante! Era um sonho que nunca teve oportunidade de realizar; mas sempre que a ocasião se proporcionasse, não a enjeitava. E foi assim com a venda de uma galinha.
A galinha era velha mas, se a minha Mãe falasse nisso, logo atalhava: 

- Oh minha senhora, esta galinha é muito boa para o choco!
Isso queria dizer que a galinha gostava de estar no ninho e aceitava pintainhos de outras , desde que não desse pela batota de lh'os meterem debaixo dela sem ela dar por isso . Assim,  libertavam-se as outras galinhas do choco, o que as tornava aptas para porem ovos mais cedo.

                  Um sábado de manhã disse para a minha Mãe:
- Minha senhora, vou levar aquela galinha à feira; ela não está bem!
Com alguma relutância, a Mãe  deu-lhe autorização para isso,  mas preveniu:

- Depois não se queixe se a trouxer de volta.
Ao fim da manhã aparece a Ana com umas compras de  sementes e mais um dinheiro que entregou assim:
- As sementes e o troco;  é o que a galinha deu.

                  Quisemos saber como foi. Muito simples. Um "bacoco de um homem" que passou junto dela olhou para a galinha e ela chamou-o:
-Oh senhor leve-me a galinha; preciso de  ir embora que tenho a patroa à espera!... e foi contando, contando quem eram os patrões,  aos anos a que já lá trabalhava e garantiu que a galinha era boa! 
- Mas não era!...
- Sim, mas isso que visse ele. 


  C C

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